Sonangol quer manter-se no BCP e na Galp. "Temos indicação do dono que é para permanecer"
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A Sonangol reitera não ter interesse em vender as participações que tem nas empresas portuguesas Galp e BCP, algo que o ministro de Estado para a Coordenação Económica já tinha admitido no ano passado.
"Até agora, participação da Sonangol na Galp e BCP é estratégica e temos indicações do dono que é para permanecer. Tem dado resultados positivos", sustentou o CEO da Sonangol, Sebastião Gaspar Martins.
"O BCP tem distribuído dividendos, a Galp também, e para nós continuam a ser ativos para manter", vincou o responsável. No entanto, Gaspar Martins não esquece quando o BCP "chegou a valer cêntimos" próximos de zero, embora hoje esteja a ter um bom desempenho de 0,56 euros. "Nenhuma empresa que queira ter alguma receita se dá ao luxo de se desfazer desse ativo, portanto continua a ser estratégico".
Relativamente às descobertas da Galp na Namíbia, e que esta terça-feira, 25 de fevereiro, levam a petrolífera a disparar mais de 8%, Gaspar Martins diz acompanhar o que a empresa tem feito. "Pensamos que o que a empresa tem feito está a valorizar a Galp e se houver necessidade de investimentos, vai aproximar-se dos acionistas".
A Sonangol detém uma participação de 19,5% no BCP, sendo o seu segundo maior acionista, enquanto a participação na Galp é indireta, surgindo a partir da Amorim Energia, que detém 33% da petrolífera portuguesa.
"Não queremos que pressão externa nos leve a cometer erros no IPO"A Sonangol está a preparar-se, lentamente, para que a Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla inglesa) aconteça sem sobressaltos. O CEO da petrolífera angolana, Sebastião Gaspar Martins, assegura que têm sido dados alguns passos em direção a que seja possível ter a Sonangol a negociar em bolsa até 2030.
"Estamos a preparar-nos naquilo que são as questões internas para levar a cabo este processo e, no momento em que existirem questões exógenas, levaremos a cabo a dispersão de até 30% do capital social da Sonangol em bolsa", disse Gaspar Martins quando questionado pelos jornalistas na conferência de imprensa da apresentação dos resultados.
Contudo, o CEO vincou que o processo tem de respeitar o seu próprio tempo. "O que não pretendemos é que a pressão externa leve a que corramos o risco de cometer asneiras ou dar passos precipitados só por ser da intenção da opinião pública negociar em bolsa", sustentou.
E Gaspar Martins voltou a referir que a petrolífera tem dado os seus passos para ser colocada em bolsa. "Fizemos o lançamento de dívida obrigacionista, que fez com que a Sonangol cumprisse com uma série de requisitos próprios de uma dispersão em bolsa".
Ainda assim, outro dos focos de Sebastião Gaspar Martins na conferência de imprensa foi "a questão dos subsídios", tendo afirmado que estes "ainda vão continuar a pesar no processo de privatização da Sonangol". "A empresa é do Estado e o caminho [a percorrer] vai depender da decisão que o Estado tomar, fruto das recomendações de especialistas que estamos a ouvir".
Para já, a Sonangol está a dar passos internos para que "o processo comece a ser clarificado". "Quando tivermos os passos seguintes dependentes de fatores externos, o dono da empresa vai tomar uma decisão e vamos cumprir com os requisitos", sublinhou Gaspar Martins.
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